28 de junho de 2010

O fim das discussões

Não vou discordar. A Internet trouxe muitas coisas boas. E como trouxe. Mas, ao mesmo tempo em que ela aproxima as pessoas dos mais distantes pontos do mundo, também distancia quem está perto. Parece um clichê, parece que eu li isso numa caixa de cereal, mas não. Faz anos que não como Sucrilhos. Aliás, bateu uma puta saudade de Froot Loops agora. Sei lá, devo ter crescido. Ou isso ou a culpa é da Kellogg’s, que ainda não inventou o web-cereal.


Ninguém mais se olha nos olhos. Ninguém consegue conversar sem ser através de uma câmera, um site, uma rede social. O facebook (ou seja qual for o nome da rede social do momento quando você ler isso) é a camisinha 2.0. Eu posso saber quem são seus melhores amigos, seus filmes favoritos e até a cor da sua calcinha de renda, mas não encosto em você. Sem risco de contato. Sem risco de contágio. Sem risco.


Não existem mais discussões “dedo na cara”. Se você não gosta de mim, existe um botão a postos para me bloquear. Me cancelar, me anular, me excluir. E as relações são deletadas a partir do momento em que minha foto não aparece mais no seu mural de amigos. Se você não me vê, eu não estou mais lá. Simples como apertar um botão. Opa, e é mesmo. Cada um pro seu lado e “eu te conheço mesmo?” Não, né? Você não pode ver minhas fotos. Ah, tá.


Nem tudo é ruim. Acabaram-se os barracos. Um palavrão em Caps Lock é bem menos humilhante que ter sua ex-esposa jogando suas roupas no meio da rua enquanto grita pros vizinhos que você sempre foi um filho da puta. Mas mesmo assim. O que é a vida sem emoção?


Bundamos. É isso: bundamolecemos. Se houvesse um golpe hoje, se o Exército resolvesse tomar o poder e dependêssemos das pessoas, meu amigo, era melhor que nem gastassem munição. Deixem pra quando atacarem outro país, algo que represente um desafio de verdade. Porque xingar muito no twitter não é à prova de balas.

Desvio

Aliás, em nova direção. Uma completamente diferente.

9 de abril de 2010

Bring the heat

Vocês ficaram sabendo daquela nova onda em Londres, certo? Recapitulemos para aqueles que estiveram em outra galáxia nos últimos meses.

O Holiday Inn é uma rede de hotéis com filiais ao redor de todo o mundo, mas aparentemente os ingleses são ainda mais frescos do que se imaginava. "Frescos" sendo a palavra de ordem aqui. Funcionários do hotel em Londres se vestem com uma roupa que parece um híbrido de maníaco da Ku Klux Klan com Ursinhos Carinhosos e vai até seu quarto, deita na sua cama e fica lá, até que ela esteja quentinha e você possa deitar sem se preocupar com lençóis frios. Eu não tenho certeza, mas aposto que são essas as palavras que os hóspedes leem no informativo sobre o serviço.

Li em algum lugar (achei que tivesse sido na G1) que alguns brasileiros estavam entre os responsáveis por essa bizarrice. Acho que o gerente do hotel é tupiniquim e foi ele quem veio com essa ideia. Fica a informação a título de curiosidade.

Pois bem. Podem me chamar de antiquado, mas jamais convidaria um sujeito pra subir até meu quarto e ficar se esfregando na minha cama. Não sei explicar, é quase anti-higiênico. Sim, eu sei que ele fica vestido dos pés à cabeça. Mesmo assim.

Mas, verdade seja dita, com o frio que anda fazendo, é cruel deitar na cama gelada. Mesmo com quatro cobertores, como tem sido aqui. Cruel.

7 de fevereiro de 2010

You speak my language

Desde o começo da vida, conseguir se comunicar é um dos principais meios de sobrevivência que temos à disposição. Não só para nós, seres humanos, mas de todos os seres vivos. Vegetais assimilam informação do meio ambiente em que estão. Neurônios transmitem informação uns para os outros, provando que não são só computadores que funcionam a base de dados.

Desde o começo também buscamos formas de melhorar a comunicação para tornar a vida mais agradável. Quando se convencionou que "uga" significava "meu precioso" e "buga" era alguma coisa equivalente a "já dançou com o demônio sob o pálido luar?", demos os primeiros passos para um melhor entendimento entre as pessoas. Hoje, somos inúmeros povos com um sem-número de idiomas que vivem se mesclando. Um dos efeitos da globalização é a aproximação de termos e absorção de palavras de outros idiomas, para expressar com mais eficiência sensações e situações que não estavam bem representadas. É por isso que hoje deletamos, as mulheres (e alguns homens) usam lingerie, comemos hambúrgueres e tantas outras coisas que não faziam parte do nosso dia-a-dia. As línguas são formadas a partir de outra e nunca param realmente de se formar.

...mas nada nem ninguém coloca na minha cabeça que "realizar" é sinônimo de "perceber". Não em português. Não.

Simplesmente não.