7 de novembro de 2008

Entrada proibido

Hoje cedo fui caminhando pegar o ônibus pro trabalho e me peguei pensando, distraído. Fazia muito tempo que não ficava assim, tranqüilo. Inclusive se considerar a irritação da noite anterior.


E passei em frente a porta do cemitério. Onde se lia um cartaz: “É proibido a entrada de animais”. Imediatamente achei graça naquilo, mas me incomodou um pouco também. Tenho essa mania chata de me incomodar com escritos errados. Já contei da vez que a lojinha perto de casa estava vendendo um alquímen? Pois é, um alquímen. Aquilo me incomodou um bocado. Diz a regra que, quando existe um artigo precedendo a palavra "entrada", o "proibido" concorda com o gênero. Ou, trocando em miúdos, o certo seria "É proibida a entrada", fosse de quem fosse.


Deu uma vontade grande de pichar ali, a placa. Pensei na comoção que isso não ia causar. As pessoas se reunindo em torno da placa, discutindo sobre como aquilo era um absurdo, os jovens não respeitam mais nada, uma velhinha desmaiaria depois de se exaltar e alguém soltaria uma frase espertinha como “nem os mortos têm paz”, esperando que as pessoas percebessem a inteligência do que ele disse. Escreveriam pros vereadores em quem votaram recentemente e pediriam uma ação pra corrigir aquela delinqüência sem vergonha. E um vereador recém-eleito aproveitaria a oportunidade pra se destacar na comunidade e iria falar que não só o portão, mas toda a fachada merecia uma reforma. Que nossos ancestrais devem ser valorizados e ele próprio colocaria uma rosa no túmulo do avô, que “tanto o ensinou sobre a vida e agora olha por ele todos os dias”.


Mas ninguém, ninguém mesmo ia comentar que o texto só tinha ficado certo daquele jeito.


Ninguém, além dos mortos.


E acabo de perceber que faz mais tempo que não fico tranqüilo do que faz tempo que não escrevo aqui. Uau.

6 de junho de 2008

Hello!...

This is Ice Mc.
I'd like to dedicate this record to...


John Wayne, Eddie Murphy, Alain Delon

Mickey Rourke,
Woody Allen, Sean Penn, Marilyn Monroe
Whoopi Goldberg,

Fred Astaire (oooh!)
Kim Basinger (oooh!)
Clark Gable (oooh!)
And Rachel Welch (yeah)

Sylvester Stallone (oooh!)
Peter Cushin (oooh)
Marlon Brando (oooh)
And James Dean (yeah)

Charles Bronson (oooh)
Robert Redford (oooh)
Grace Jones (oooh)
Jean Paul Belmondo (yeah)

Schwarzenegger (oooh)
Bette Davis (oooh)
Christopher Lambert (oooh)
Greta Garbo (yeah)

Ci-ci-ci-ci, cinema
Ci-ci-ci-ci, movie
Ci-ci-ci-ci,cinema
One two three, four

In life I like ravin'
And for the girl and you I have a cravin'
And even dancin'and romancin'
Another thing I like, yo, is actin'

I can do it, so don't accuse me
Unlike Racqua E. I like muesli
'Cause I'm a winner I'm not a loser
When it comes to those I'm a boozer

I took a horror, but that's tomorrow
And that's a film I just have to borrow
Unlike a cinema do you love people
It's gonna jump from I stand to all of you
Let's be famous, direct the load

You know I float a bit, I think I go maxine
Double braces
Being all kind of girls with pretty faces

Ci-ci-ci-ci, cinema
Ci-ci-ci-ci, movie
Ci-ci-ci-ci,cinema
One two three, four

Robert de Niro (oooh)
Dustin Hoffman (oooh)
Sean Connery (oooh)
And Roger Moore (yeah)
Ian Fleming (oooh)
Christopher Lee (oooh)
Lou Ferrigno (oooh)
Clint Eastwood (yeah)
Mastroianni (oooh)
Alberto Sordi (oooh)
Boris Karloff (oooh)
And Bruce Lee (yeah)
Chuck Norris (oooh)
Laurel & Hardy (oooh)
Charlie Chaplin (oooh)
Ice MC (yeah)

Ci-ci-ci-ci, cinema
Ci-ci-ci-ci, movie
Ci-ci-ci-ci,cinema
One two three, four

A man's sleepin' and I'm a biller
And'cause of any black, he's the killer
Oh, oh, boy, your time's over
The big boss he told me that he told you

Bang, bang, he was away
Do you remember the lady's love milktray?
The job's on, so listen to me
Two tequila out with the baby

Girls cryin', that's a lover
But ther's another man on the cover
Says:"Don't cry, take it easy
That's the only way you can please me"
Hey cookie, just relax
'Cause Ivey, let's go to the max
And he did it, how does it feel to?
I'll be the killer, the lover's so true

Ci-ci-ci-ci, cinema

4 de junho de 2008

Twittando 002

Vamos aprender agora como fazer uma receita de mousse de maracujá para impressionar a namorada.

Junte no liquidificador o conteúdo de uma lata de leite condensado, uma lata de creme de leite sem sono e suco concentrado de maracujá a gosto. Bata até obter uma mistura homogênea. Separe um maracujá bem escolhido no supermercado para utilizar os caroços como decoração e para dar um tchans a mais. Ferva em uma panela à parte o conteúdo de uma embalagem de gelatina incolor. Isso, a gelatina incolor que você deveria ter trazido do mercado.

Ah, esqueceu dentro da cesta de compras?

Pois é, eu também.

Mande uma mensagem SMS para sua namorada, que trará a gelatina sem sabor e fará ela mesma o mousse. Agora é só comer.

Twittando 001

Enquanto tanta gente que não devia ter acesso à internet passa por um processo de inclusão digital, eu fico preso no trabalho, sem ter trabalho para me distrair e nenhuma conexão à internet. Pronto, foi o fim do desabafo nérdico de hoje.

Até porque, se alguém está lendo isso, significa que a conexão voltou.

20 de maio de 2008

Da arte de não ser social

A maioria das pessoas age de maneira a melhor interagir em sociedade. É o princípio da convivência saudável e, convenhamos, muitas vezes hipócrita. Descobri que tenho preguiça de ser social. Não sociável, isso eu sou. Interajo muito bem em (quase) qualquer ambiente.


Mas tenho uma preguiça gigantesca de ser social. De fazer de conta, de fingir o que não é. E achei interessante porque quem disse isso havia acabado de me conhecer. Que sou intenso, profundo etc. e tal. Mas não vim aqui encher minha bola de forma alguma. Só achei interessante esse conceito e percebi que me aproximo de muitas pessoas assim.

6 de maio de 2008

Pensamentos visuais


Caso alguém venha aqui e assista apenas (a)o vídeo acima, já acho que vai ter valido a pena. Acabei de assisti-lo e me inspirou bastante a escrever, principalmente me vejo como o batráquio acima. Claro, sem os efeitos especiais ou nenhuma alusão a um possível uso de drogas - mas este pensamento é uma forma de preconceito tendencioso, alimentado pela forma como o personagem Caco se caracteriza perante o companheiro de cena, completamente quadrilátero. Aliás, o sapo teve essa roupagem para dabi duba top tchuras em parte (mais) para antagonizar com o outro e (menos) devido ao momento de criação do quadro.


A cena toda é de uma simplicidade muito bonita, produzindo uma crítica interessantíssima, construtiva até não poder mais, sobre a mentalidade e como ela é usada pelas pessoas. Quando comecei a ver o vídeo (uma releitura inspirada), rapidamente me identifiquei com o Caco, não só por também achar difícil ser verde ou por fazer sons guturais vez ou outra. O motivo é mais profundo do que isso.


Tenho uma forma de pensar muito pessoal (certo, como não poderia deixar de ser), mas a palavra que melhor encaixa aqui é "fluida". Não tenho pensamentos literais, por mais que às vezes queira - costumo dizer que meu cérebro é um ser independente de mim. A ironia visual no começo do filme caiu como uma luva em mim. Esse tipo de pensamento "irregular" é bastante útil até no meu ambiente de trabalho, além de no pessoal. Claro, ando em meio a algumas oscilações de humor, mas acredito que estou caminhando pra voltar a ficar bem. Dizer que enxergo o lado bonito das coisas é resumir e simplificar muito. "Ninguém aqui é Madre Teresa", já me disseram e eu concordo. Depois de ter sido chamado de "escroto" e "incorreto" (de uma forma boa!) por um professor, não poderia discordar mesmo.

5 de maio de 2008

Nosso querido Bob

Rosas são vermelhas,
Violetas são azuis.
Eu sou esquizofrênico
E eu também.

27 de abril de 2008

Com limão



...e eu vou sentir sua falta ainda mais agora.

À procura da felicidade

Este texto também poderia ter outro nome. Ou não. Vou decidir quando chegar ao final dele.

Faz tempo que quero escrever sobre mim. Sobre o "mim" de ultimamente. Eu tenho me sabotado bastante. Grandão. Big time. Sabem? Talvez sim, talvez não. Mas tenho me sabotado. Lutado contra mim, principalmente. Aquilo que dizem sobre alguém ser seu próprio inimigo, bom...digamos que eu seja meu próprio Darth Vader. No fundo, lá no fundo quero meu bem, me preocupo comigo e tenho um carinho forte por mim mesmo. Mas me prejudico incrivelmente sem muito esforço. Sem muito pensar.

Ando procurando acreditar em sinais. Não sei se isso faz de mim uma pessoa religiosa, mas acredito realmente que fazemos nossos próprios sinais. Acontecem "fenômenos" com dez pessoas e cada uma delas tem uma forma própria de encará-los. Chegando em casa agora, peguei o final do "À Procura da Felicidade" (The Pursuit of Happyness) e parei para pensar. Logo no começo do filme, ficamos sabendo que o objetivo do personagem do Wil Smith é caminhar lado a lado com as pessoas bem-sucedidas que ele vê andando em frente aos prédios de escritórios. Ser como eles. Todos nós sempre temos objetivos. Os "o que eu quero ser quando crescer" daquela semana, daquele mês. Daquele momento. Se o filme acaba quando o personagem principal conquista esse momento, na vida real precisamos buscar novos momentos para alcançar.

Eu ando sem um momento desses. E, sem querer ser piegas mas não fazendo muito para evitar. estou sentindo falta de mim mesmo. Ando deixando minha felicidade nas mãos e opiniões dos outros. Por mais que saiba que estou errado em fazer isso, não tenho conseguido evitar esse comportamento. E me sinto deveras burro. Como acho que emburreci de uns meses para cá.

Eu sei que falar sobre isso só alimenta essa situação em mim mesmo, como papel seco numa fogueira. Fotos que a gente não quer mais. Mas me faz bem falar. E ando precisando do meu humor de volta. Então falo. E/ou escrevo.

Tenho machucado muita gente com minhas indecisões. Com minhas decisões erradas. E, no final, quem sai mais marcado sou eu. Quero mudar isso. Queria poder mudar sozinho, sem admitir que outras pessoas poderiam me ajudar. Por não querer depender de mais ninguém. Ciclo vicioso.


[a piada final é ótima, parabéns pra quem a colocou lá]

Quero terminar - e termino - dizendo que vou mudar. Que vou me corrigir, me consertar. Porque ando errado assim, como profetizou o anjo safado. Tanado!

E este texto poderia se chamar também "Gatos e patos". Mas isso seria equivocado demais. Talvez noutra hora. Mas prefiro que não.

23 de abril de 2008

O declínio do império humano

Alguns textos são mais fáceis de serem “paridos” que outros. Seja trabalhando ou por esporte, tem horas que sento para escrever e o texto flui. Sai. Escorre do cérebro pelos dedos. Tem horas em que realmente chacoalho a cabeça pras palavras caírem. Sandices, não reparem.

Há algum tempo fiquei sabendo que seria bom me converter ao judaísmo, porque meu cabelo teria começado (vejam bem, teria começado, ainda não me convenci) a rarear no topo da cabeça. Não entendam mal, ainda tenho cabelo o bastante para doar e leiloar, mas ele teria começado a migrar. E eu não gostei da notícia.

Há coisas com as quais a gente conta sem nem ao menos se dar conta. Certezas indiscutíveis. Como o oxigênio no ar, apesar dos esforços em poluir. Ou o fato de que o Romário existe para se aposentar do futebol. Quantas vezes ele julgar necessárias. Outra dessas certezas é – ou deveria ser - o fato de que o cabelo está lá e lá vai sempre ficar. Até que você chega numa situação como a minha.

Comentei o fato com um cara aqui da agência, já avançado em cabelos brancos. Eu disse a ele que o ápice da frustração masculina não deve ser quando você começa a perder cabelos ao se pentear, mas quando começam a cair fios brancos. Ele discordou; disse que o mais triste é encontrar fios brancos no saco (e esse é o nome científico, não encham meus escrotos). E, cara, nunca tinha
pensado nisso. É simbólico, é icônico – quase o começo do fim de uma era. E deve ser terrível mesmo.

De uma forma babaca, machista, simplória, mas deve.

E isso tudo porque reparei no espelho que possuo rugas nos cantos dos olhos.

8 de abril de 2008

Lista de coisas a fazer

- Dri, é mto fácil ser feliz, sabia? Você deveria experimentar.
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- Não todo dia, ou não o dia todo. Mas é simples. Tem um monte de caminhos. É só saber dar valor pras coisas certas. Mesmo pras pequenas.
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E eu queria chorar por ler isso. Por ter de ler isso. Porque você tem razão. Você tem toda a razão. Como sempre.

6 de abril de 2008

Correção

Os bom-bocados do texto anterior deveriam ser bem-casados. Misturei os nomes.

23 de fevereiro de 2008

Farta distribuição de bom-bocados

Ontem fui a um casamento. Já fazia algum tempo desde o último matrimônio a que fui, depois do boom de enlaces (quantos sinônimos, não?) do final do ano passado. O bacana de quando os casais resolvem juntas as escovas de dentes (olha, mais um!) são as formas bastante pessoais como cada um faz isso. Eu já elegi o melhor para mim, que seria numa festa em que eu e minha consorte leríamos nossos votos e ficaríamos juntos para todo o sempre, aquela bonita etc. e tal. Mas um grande amigo já me disse que, no que se refere a casamento, homem não apita nada! Nossa função é meramente de apoio e de acatar tudo que a mulher decide.

Tente explicar o conceito de democracia para sua noiva e depois venha aqui me contar o que aconteceu. Se sobreviver.

Na cerimônia de ontem, o noivo contratou uma mulher para se vestir de coração (não, você não leu errado) e lembrar a noiva vários momentos que tiveram juntos, além de várias particularidades de ambos. E uma que me chamou muito a atenção foi o fato da garota-propaganda do Chambnho cantar, entre um comentário e outro, músicas importantes para o casal. Eu sou bastante musical e referencial, meio mundo que já conversou meia hora comigo sabe disso. Às vezes um comentário, um cheiro, uma palavra, uma imagem fazem minha mente viajar e lembrar das coisas mais estapafúrdias. Tudo por culpa das associações que meu cérebro faz de forma quase que independente das minhas vontades.

Gostei muito da idéia das músicas. E não pude deixar de pensar em músicas que eu escolheria. Não faria como o noivo da minha prima, que escolheu (porque tem de ter sido idéia dele!) o tema de 2001 - Uma Odisséia no Espaço pra quando a noiva entrasse na igreja. Pra lá de romântico, não é?

Não.

No meu blog até então mais próspero, uma vez fiz uma lista de músicas que me lembravam várias pessoas. Hoje tal lista seria muito mais complexa e algumas músicas estariam listadas pra mais de uma pessoa, num tipo de intersecção referencial. Shows a que fui, lembranças que guardo, momentos compartilhados: essas coisas que compõem quem eu sou. Junto com um pouco de cada uma das pessoas do meu universo.

Parla!

Fiz meu microfone funcionar!

...não, é só isso mesmo. Queria compartilhar com alguém.

Sem mais.

15 de fevereiro de 2008

The Question

R - There's nothing to interpret.
D - Certainly there is. You are looking for reason, and you are looking for it without. But the only reason you will find will be the reason you bring to the experience...and that can only come from looking within.
R - It's not that I don't want to look. I'm dying to look. But I'm afraid of what I'll see there.
D - Then that is all the more reason to do ti. It's a simple question. Wich will have greater rule over you, your fear or your curiosity?


[...]


You're going to have to look. And you want to. You know you do. Shine the light into the dark corners. Gaze into your self-made abyss. See what stares back. Don't be scared. That's right, that's it...just open your eyes. What do you see?
R - Good question.

7 de fevereiro de 2008

Drops

Pensei em colocar aqui a foto de umas balas (alguém além de mim deve lembrar dos drops Dulcora), mas vamos dar um desconto à infâmia.

[1]
O ano só começa depois do carnaval, certo? Bom, reza a lenda que sim. Como sou uma pessoa que pula o carnaval (evito, pra quem não entendeu a ironia), isso não se aplica a mim. E o meu ano vem ensaiando um começo há algum tempo. Pensamento positivo, crianças. Ou canalizado.

[2]
Preciso e devo compartilhar isso. Estava procurando por outra coisa no YouTube mas encontrei uma pérola raríssima da minha infância.

Acho incrível como eu cantava essa música (até a parte da Maria José) e ninguém se lembrava. Talvez agora consigam lembrar. O povo é muito audiovisual.

[3]
P - Você não vai lavar as mãos?
L - Não...porque eu sou do mal!

6 de janeiro de 2008

Criador e personagem

Há muitos anos, quando fiz uma (cospe de lado) dinâmica de grupo, pediram que eu escolhesse um (na época ainda se falava "uma") personagem para me representar num disco voador, foguete ou sei-lá-o-quê que iria formar a nova população de um planeta junto com os outros personagens escolhidos pelos candidatos. Escolhi a Mafalda.

Gosto da Mafalda por vários motivos. Identifico-me com ela pella inconformidade, por também ser contestador a respeito dos conflitos entre meus princípios e a realidade e pela ingenuidade inteligente. Por ver a beleza das coisas, vamos colocar assim. Há muitos anos, pensando em como o mundo, as injustiças etc. eram dignos de deixar qualquer pessoa com depressão, concluí que sou feliz demais para cair nessa tentação. O que não significa que certas coisas não me deixem muito chateado. Se fosse pra pensar a fundo, ver uma mãe ou criança ou pai ou idoso morando na rua me faria chorar um bocado, mas isso não resolveria nada. E aprendi que devo cuidar de mim e fazer meu melhor para poder fazer pelos outros.

É isso aí.